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Androgênicos na mulher

Atualmente, há uma “moda” de dosar testosterona em mulheres. Alguns profissionais de saúde, inclusive, têm com muita frequência “diagnosticado” mulheres como tendo deficiência de testosterona, e indicando tratamentos de “reposição” desse hormônio. Em mulheres, 50% dos androgênios são produzidos pelos ovários e 50% pela glândulas adrenais, localizadas bilateralmente acima dos rins. Sabe-se que, de fato, o os níveis de androgênios nas mulheres diminuem com a idade devido à falência ovariana. No entanto, não há falência completa dessa produção já que os ovários, na menopausa, param a produção somente de estrogênios mas não androgênios. Além disso, as adrenais ainda continuam a sua produção hormonal normalmente. Mulheres que retiraram os ovários (ooforectomia) ou as adrenais (adrenalectomia) têm alguma chance de ter deficiência androgênica e devem ser devidamente avaliadas pelo especialista na área hormonal, o endocrinologista. Portanto, salvo em situações raras, não há contexto para se falar em deficiência androgênica na mulher que tenha seus ovários e suas glândulas adrenais funcionantes.

As dosagens laboratoriais de testosterona disponíveis atualmente nos melhores laboratórios, são voltadas para medir níveis masculinos, ou seja, essas dosagens começam a ter precisão somente com níveis em torno de 100 ng/dL. Para os níveis habituais presentes em mulheres normais, que encontram-se em torno de 20 a 50 ng/dL, esses testes não têm sensibilidade e especificidade suficientes para identificar deficiência androgênica. Ou seja, a dosagem de testosterona em mulheres na tentativa de detectar deficiência androgênica é equivocada e inútil. Essa dosagem se torna ainda mais descabida em mulheres jovens e em uso de anticoncepcionais orais, que em sua maioria interferem nos testes laboratoriais, falseando resultados.

Muitos médicos ainda atribuem sintomas muito frequentes na maioria da população atual como fadiga crônica, estresse, diminuição da libido à essas dosagens hormonais errôneas justificando o uso indiscriminado de medicamentos que elevem os níveis de testosterona nessas mulheres. O problema é que esses sintomas, muito provavelmente não são consequência da deficiência androgênica e sim podem ser consequência de outras várias doenças como exemplo depressão, apnéia do sono, que ficarão mascaradas com um tratamento inadequado.

A sociedade americana de endocrinologia assim como a brasileira vêm frequentemente alertando contra esses falsos diagnósticos de “deficiência androgênica em mulheres” e tratamentos equivocados.

Para não colocar em risco a sua saúde, procure seu médico de confiança para mais informações. Cuide da sua saúde com responsabilidade.